Gráfica e Editora Cristã

Prefácio

Trazer uma matéria como Escatologia Bíblica para o MINICURBATE para nós é uma grande realização. Poder levar esta doutrina tão relevante e edificante para à vida cristã de cada estudante não a palavras que expresse a nossa alegria. Nesta nova revista desejamos a você aluno, servo do Deus Altíssimo que aproveite o melhor que puder, pois após estudar esta matéria sua vidas nunca mais será a mesma. Que prossigam nesta sede de buscar conhecimento da parte do Senhor, pois existem inúmeras pessoas que precisam ser consoladas por estas palavras (1 Ts 4.18). Deixo aqui também o nosso agradecimento, nós da Editora Cristã, ao Diac. Roney Ricardo por tamanha dedicação e sabedoria do Altíssimo e Eterno Deus para escrever esta matéria maravilhosa e ceder para o nosso uso com carinho e humildade. Agradeço também aos Prs. de nossas congregações que tem abrindo as portas para o conhecimento chegar também a sua igreja por meio deste tão pequeno e gigantesco trabalho. Ao meu pai, Pr. José Carlos de Freitas, Presidente das Igrejas Estrela da Vida, agradecemos pelo apoio que nos tem dado neste projeto e na produção deste material.

Bons estudos e que Deus vos abençoe.

Elias Mendonça

Diretor do MINICURBATE

Contatos com A gráfica Cristã: 3074-4720 e 8842-8220

End. Rua Lemos, N° 21 – Porto Novo – Cariacica / Espírito Santo

Igreja Estrela da Vida

E-mail: mendoncagraficacrista@yahoo.com.br

Visite nosso Blog

BLOG: http://literaturasebdteologicas.blogspot.com/

ÍNDICE

PARTE 1
Apresentação
Introdução
Linhas de Interpretação Escatológica
Os eventos da Escatologia Bíblica – Sinais do Fim dos Tempos
Questionário

PARTE 2
O Arrebatamento
O Tribunal de Cristo
As Bodas do Cordeiro
Questionário

PARTE 3
A Grande Tribulação
O Armagedom
Questionário

PARTE 4
A Manifestação de Cristo
O Julgamento das Nações
O Milênio
Questionário
PARTE 5
A Última Revolta de Satanás
O Juízo do Grande Trono Branco
O Perfeito Estado Eterno
Razões que fazem da Escatologia Bíblica um disciplina confortadora para a Igreja do Senhor
Questionário

PARTE 1
Apresentação

É com toda a reverência e humildade que me dediquei a escrever este trabalho e apresentá-lo a você, estimado leitor, haja vista o quanto esta matéria requer daquele que se dedica a estudá-la e escrevê-la. A Escatologia Bíblica apresenta dificuldades ao estudante, todavia, é muito gratificante aprender esta matéria tão maravilhosa, que nos enche de esperança, nos consola e renova a nossa expectativa quanto às profecias bíblicas. Ela revela fatos gloriosos pertinentes aos salvos, dentre eles o futuro glorioso e triunfante de Cristo e Sua Igreja, a ressurreição dos justos, a restauração de todas as coisas, etc. O fato de Escatologia Bíblica apresentar dificuldades não deve ser fator de desestímulo para o estudante da Palavra de Deus, pois as dificuldades podem ser superadas mediante a perseverança no estudo contínuo, que dependa da iluminação do Espírito Santo.

Minha proposta nesta apostila é trazer a você, leitor, a definição da Escatologia Bíblica à partir do ponto de vista futurista, que crê no cumprimento futuro de muitas profecias bíblicas. O próprio livro do Apocalipse, como cremos, é cheio de eventos a cumprir-se: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Ap 1.19). Note a expressão de Jesus à João em Patmos: “... e as que depois destas hão de acontecer”. Assim, cremos, à luz de muitas referências bíblicas, que Deus tem estabelecido pela Sua soberana vontade, uma ordem de eventos que irão ocorrer em breve, os quais estão descritos em Sua Palavra. É com todo respeito que me reporto às demais posições escatológicas existentes no pensamento teológico evangélico, reconhecendo até mesmo o seu valor, embora discorde delas e apresente minhas razões.

Neste singelo trabalho, abordando a escatologia bíblica do ponto de vista futurista, não pretendendo jamais ser a palavra final neste assunto e nem ser dogmático. Por mais que a interpretação futurista das profecias bíblicas possa apresentar alguns pontos que pareçam loucura a muitos, entendo que ela é a que mais se coaduna com a Bíblia Sagrada. De fato, ensinar que de repente milhões de pessoas irão desaparecer da Terra numa fração de segundo é algo humanamente inconcebível, mas vários fatos bíblicos ocorridos no passado surpreenderam a razão humana! O que dizer da travessia do mar vermelho? Ou do rio Jordão? Foram eventos bíblicos que mostraram a intervenção direta de Deus sobre as leis fixas da natureza. Iremos abraçar o liberalismo teológico que não acredita na literalidade de muitas passagens bíblicas como essas, alegando que todos esses relatos não passam de meros mitos? A arqueologia, por exemplo, vem comprovando paulatinamente inúmeras citações da Bíblia que, inclusive, foram por muito tempo ignoradas pelos “sábios deste mundo”, até que a “pá do arqueólogo” encontrou evidência incontestável de que a Bíblia simplesmente dizia a verdade. Um exemplo bem recente aconteceu próximo a Jerusalém, num sítio arqueológico, onde arqueólogos encontraram o túmulo de Herodes, o Grande, que reinou na Judéia no tempo do Império Romano, comprovando a narrativa neotestamentária. É fato que o sistema futurista se caracteriza também pela riqueza de detalhes encontrados e na maneira como eles se harmonizam. Veremos isso no decorrer do estudo.

Tempos atrás, quando eu mal começava a estudar escatologia bíblica, me ocorreu uma dúvida: “Qual a necessidade de haver tantos eventos escatológicos, subseqüentes, como o Arrebatamento, Grande Tribulação, Armagedom, etc.?”. O Espírito Santo falou ao meu coração, dando-me a resposta! A resposta para a minha indagação foi a seguinte: “Em todos estes eventos Deus está a tratar com o homem!” De fato, quando olhamos para cada um dos eventos escatológicos descritos na Bíblia vemos que Deus está a tratar com a humanidade, tratando com a Igreja, Israel e com os gentios. Cada evento escatológico tem propósitos específicos, levando à consumação da História humana sobre esta Terra e à restauração do Universo. São muito pertinentes aqui as palavras do missionário Lawrence Olson no Best-seller escrito por ele O Plano Divino Através dos Séculos: “Havendo efetuado a redenção dos homens pelo sangue derramado na cruz, Deus também tem por propósito “mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 2.7). Podemos dizer que a cruz é o ponto central de todo este glorioso plano e propósito divinos. Anteriormente, tudo que passou teve a cruz em prospecto e tudo que acontece posteriormente tem a cruz em retrospecto” (OLSON, Lawrence. O Plano Divino Através dos Séculos. CPAD, p. 164). Não há como negar o fato de que a Escatologia Bíblica revela que Deus, através dos séculos, vem “desenrolando” o seu plano nas dispensações e assim prosseguirá nos eventos escatológicos que breve terão lugar, e esse plano divino tem a cruz como base e centro. Cristo é o centro da Escatologia Bíblica!

Meu mais sincero desejo, ou como diria o apóstolo Paulo, o bom desejo do meu coração é que esta apostila possa ser uma bênção de Deus em sua vida, amado leitor, levando-o a compreender os pontos aqui abordados e despertando o seu interesse por este assunto tão rico. É com toda humildade que me atrevo a escrever sobre este tema, mas faço isso reconhecendo a importância de difundirmos este assunto. Meu propósito é ajudá-lo no sentido de somar algum conhecimento dentro deste assunto tão maravilhoso e motivá-lo a prosseguir estudando, pesquisando, orando, suplicando a Deus que lhe revele as maravilhas desta doutrina fundamental das Sagradas Escrituras, que é a Escatologia Bíblica. Que Deus o abençoe! Boa leitura para você!

Introdução

É interessante observar como em nosso tempo cresce o interesse por Escatologia Bíblica e não é por acaso que verificamos isso. A nossa era está presenciando a intensificação de muitos sinais preditos pelo Senhor Jesus como os indicativos de sua iminente volta. O que dizer dos diversos sinais tais como terremotos, guerras, a crescente onda de violência em todo o mundo, a agitação incessante no Oriente Médio, enfim, várias evidências que atestam a proximidade do regresso de nosso Senhor Jesus Cristo. Quando estudamos Escatologia Bíblica verificamos o fato inegável de que muitas profecias bíblicas estão tendo o seu cumprimento fiel em nossa era. O Evangelista Alex Belmonte (AD em Terra Vermelha – Ministério Ibis) observa que “o século 20 presenciou uma concentração muito grande no estudo da Escatologia, que já havia tido início no século 19. Nunca se estudou tanto Escatologia quanto agora. Jamais a Igreja se debruçou tantas horas a fio sobre este assunto. Assim como no passado mentes brilhantes se preocuparam em definir a doutrina de Deus, do pecado, de Cristo, da salvação, etc., do mesmo modo agora homens de grande capacidade tem gasto sua energia para extrair das Escrituras o que há de mais sólido quanto aos acontecimentos do tempo do fim” (Apostila Escatologia preparada para Seminário Bíblico realizado em março de 2008 na AD em Terra Vermelha – Min. Ibis – Alex Belmonte, p. 4).

Não resta dúvida de que a Escatologia Bíblica é uma disciplina que apresenta dificuldades, na qual os mais abalizados teólogos divergem entre si. Até mesmo dentro de uma mesma linha de interpretação escatológica há divergências. É o que verificamos dentro da linha de interpretação futurista, onde há os teólogos que crêem que a Igreja não passará pela Grande Tribulação sendo arrebatada antes (pré-tribulacionistas), há os que crêem que ela passará por uma parte, sendo arrebatada durante a Grande Tribulação (midi-tribulacionistas) e há também aqueles que acreditam que a Igreja será arrebatada no final da Grande Tribulação (os pós-tribulacionistas). Como podemos ver, embora futuristas, estas três correntes discordam entre si quanto à posição da Igreja em relação à Grande Tribulação.

Embora a Escatologia Bíblica possa apresentar dificuldades, isto não deve ser fator impeditivo para que conheçamos esta matéria bíblica tão gloriosa, ou seja, não devemos nos sentir desestimulados a conhecer Escatologia Bíblica devido às dificuldades que existam. Ela é uma disciplina bíblica que revela a nós o cronograma divino para a consumação da história humana e para a restauração de todas as coisas por Deus. Ela revela o futuro glorioso daqueles que permanecem fiéis a Deus, fato este que nos impulsiona a prosseguir em nossa caminhada para o Céu, firmes em Jesus. O Pastor Gilvan Pereira (AD em Cariacica Sede) chega a afirmar que o estudo sadio da Escatologia Bíblica nos previne até mesmo contra as heresias: “É de suma importância que as igrejas, através de seus líderes, aprendam, de forma cronológica, dentro da visão escatológica, os acontecimentos bíblicos que se darão. Sendo assim, estaremos preparados e precavidos das heresias que surgem” (Apostila Escatologia Bíblica – Gilvan Pereira Souza, p. 1). Reconheço que de fato muitas seitas e até mesmo denominações evangélicas cometem graves erros em Escatologia Bíblica, por falta de iluminação do Espírito Santo e de correta interpretação das profecias bíblicas. O que dizer de alguns movimentos evangélicos que chegaram a datar a vinda do Senhor Jesus? O que dizer do absurdo defendido pelas Testemunhas de Jeová quanto aos 144 mil de Apocalipse? O que dizer do conceito equivocado defendido pelo Adventismo do Sétimo Dia que afirma que no Milênio, Satanás não estará preso literalmente, mas “preso” por circunstâncias apenas? Estes são alguns exemplos de erros cometidos em escatologia bíblica. Daí a importância de estudarmos com dedicação este assunto tão importante, de tamanha relevância, a fim de compreendê-lo corretamente, à luz da Bíblia.

Linhas de Interpretação Escatológica

Existem três linhas de interpretação da doutrina das últimas coisas entre os evangélicos. É interessante notar que embora o século 20 tenha presenciado um crescente interesse por Escatologia Bíblica, já antes, na Idade Média, muitos conceitos escatológicos que hoje professamos, já eram aceitos pelos cristãos daquela época. Os cinco primeiros séculos da Igreja não se caracterizaram por uma dogmatização de uma doutrina escatológica, mas isso não significa dizer que os primeiros cristãos não cultivassem esperanças escatológicas. A própria Igreja primitiva esperava em seus dias a vinda de Jesus (cf. 2 Ts 2.1 – note neste texto que a Igreja em Tessalônica incorria num erro de interpretação quanto à expectativa quanto à vinda do Senhor Jesus – que é um tema escatológico).

Existem no meio evangélico três correntes de interpretação escatológica: 1) a amilenista; 2) a pós-milenista e, 3) a pré-milenista. Note que os títulos das três linhas escatológicas se reportam à Segunda Vinda de Jesus e ao Milênio, por isso é importante que você tenha sempre em mente este dois eventos ao estudá-las. Eles são a referência – o marco. Vejamos resumidamente o que defendem as três posições:

1) Amilenismo (ou Amilenarismo)

Os teólogos amilenistas, dentre eles L. Berkhof, conhecido pela Teologia Sistemática que escreveu, entendem que não haverá nenhum período literal de mil anos em que Cristo reinará sobre a Terra como Rei, seja antes ou depois de Sua Segunda Vinda. Eles espiritualizam boa parte das passagens futuríveis da Bíblia. A palavra “amilenismo” significa “não milenismo”, ou “não milênio”. De modo objetivo, descrevo a seguir os postulados defendidos por essa linha de interpretação escatológica:

1. Crêem na Segunda Vinda de Jesus como um evento único, não havendo, portanto, duas fases distintas.

2. O milênio é entendido por eles como sendo o Reino de Deus na Terra de forma espiritual, o qual, embora invisível (mas real) foi inaugurado por ocasião da primeira vinda do Senhor Jesus em carne. Assim, este reino continua existindo espiritualmente e perdurará até a Segunda Vinda do Senhor Jesus. Ao vencer na cruz, o Senhor Jesus teria limitado a atuação de Satanás no sentido de enganar as nações.

3. Os “mil anos”, mencionados seis vezes em Apocalipse 20.1-7, são na verdade um período simbólico, não exato, representando a era presente da Igreja, que é um período de tempo indefinido, que durará até a Segunda Vinda de Jesus.

4. A Tribulação para eles não será um período literal de sete anos, quando Deus derramará sobre este mundo diversos flagelos, mas é algo que experimentamos agora, na vida presente.

5. Os amilenistas entendem que haverá apenas uma ressurreição geral por ocasião da Segunda Vinda de Jesus, que será para justos e injustos.

6. O Juízo final será, portanto, para justos e injustos, e é nessa ocasião que ambos ressuscitarão. Os justos não serão condenados, ao passo que os injustos sim. A seguir, os salvos adentrarão ao Novo Céu e à Nova Terra.

O gráfico a seguir é um ótimo recurso para facilitar a nossa assimilação da posição amilenista:

2) O Pós-Milenismo (ou Pós-Milenarismo)

O pós-milenismo, representado por teólogos como Charles Hodge e A. H. Strong (também muito conhecidos pelas suas Teologias Sistemáticas) é muito similar ao sistema anterior. O prefixo “pós” significa “após”, o que significa dizer que “pós-milenismo” é o mesmo que “após-milênio". Veja abaixo os principais postulados do pós-milenismo:

1. Entende que Cristo regressará após o Milênio.

2. Acredita que o Milênio descrito nas Escrituras é simbólico, apontando para a influência benéfica do evangelho sobre as pessoas em todo o mundo. Para o pós-milenismo, o Milênio é um período indefinido de tempo, que perdurará até a Segunda Vinda de Jesus (que acontecerá também em uma só etapa).

3. Assim como o amilenismo, o pós-milenismo entende que Satanás foi aprisionado quando Cristo morreu na cruz e que o anjo que o prendeu, mencionado em Apocalipse 20.1 é, na verdade, o próprio Cristo.

4. Quanto à ressurreição, ao Juízo Final e ao Estado Eterno, as duas posições – amilenismo e pós-milenismo – assumem, em geral, a mesma postura.

O gráfico a seguir nos ajudará a compreender esta linha de interpretação escatológica:

3) O Pré-Milenismo (ou Pré-Milenarismo)

O pré-milenismo se distingue muito quanto às duas posições anteriores. Apresenta mais detalhes pertinentes aos eventos finais. Ele não é uniforme – há dentro desta mesma linha de interpretação diferentes abordagens. O pré-milenismo se divide em pré-milenismo histórico e pré-milenismo dispensacionalista. A posição deste trabalho de Escatologia é pré-milenista dispensacionalista (ou pré-milenismo pré-tribulacionista). O prefixo “pré” significa “antes”, assim, o pré-milenismo ensina que Cristo retornará antes do Milênio. Scofield (conhecido pela Bíblia de estudo preparada por ele – a Scofield Reference Bible – Bíblia de Referência Scofield) defende esta posição. A palavra dispensacionalista usada aqui é para se referir às sete dispensações reveladas na Bíblia. Scofield afirma: “Uma dispensação é um período de tempo durante o qual o homem é posto à prova em sua obediência a certa revelação específica da vontade de Deus”. É notória a distinção feita pelo dispensacionalismo entre a Igreja e Israel (distinção – não preferência). A seguir, os principais pontos defendidos pelo pré-milenismo dispensacionalista:

1. Crê na Segunda Vinda de Jesus em duas fases distintas, antes do Milênio.

2. Crê num período literal de terrível tribulação sobre a Terra – a Grande Tribulação –, que durará sete anos.

3. Distingue o julgamento da Igreja do julgamento dos ímpios.

4. Entende que a ressurreição dos justos ocorrerá por ocasião do Arrebatamento e que a ressurreição dos ímpios só acontecerá após o Milênio, no Juízo Final.

5. Entende que o Milênio é um período literal de tempo – mil anos literais – em que Cristo reinará sobre a Terra, dando cumprimento a profecias bíblicas do Antigo e do Novo Testamentos.

Mais uma vez, recorramos ao recurso gráfico a fim de compreendermos a posição pré-milenista dispensacionalista.

Mais detalhes serão apresentados sobre os eventos da Escatologia pré-milenista no decorrer deste trabalho. Alguém já afirmou que os pré-milenistas fazem “uma “cirurgia textual” nas Escrituras, de acordo com o quadro já pré-desenhado por eles” (Revista Ultimato, ano 31 – nº 251 – Março de 1998, p. 22). Discordo completamente desta afirmação. Os pré-milenistas cremos que a Bíblia nos oferece uma grande riqueza de detalhes sobre os eventos finais, permitindo-nos reconhecer, definir e delimitar cada evento escatológico, fazendo assim uma exegese e não uma eisegese do texto bíblico. Embora Deus não tenha descortinado tudo dentro deste assunto, Ele, contudo, revela-nos em Sua Palavra o necessário e nos faz cientes dos eventos que hão de ocorrer em breve. De fato, as profecias da Bíblia se cumprem diante dos nossos olhos. O grande perigo que corremos quanto à Escatologia Bíblica (bem como em qualquer outra doutrina bíblica) é querer ir além do que está revelado nas Escrituras Sagradas, formando uma “teologia especulativa”, que mais traz confusão do que edificação. Sigamos o conselho de Paulo aos coríntios: “não ultrapasseis o que está escrito...” (1 Co 4.6). Mas a Escatologia Bíblica é motivo de conforto e alegria para a Igreja, e também de temor e tremor, haja vista revelar detalhes do juízo de Deus derramado sobre a humanidade caída. Por isso, apeguemo-nos à infalível Palavra de Deus e creiamos em suas verdades eternas, fiéis e imutáveis, e “guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hb 10.23) “porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará” (Hb 10.37).

1 – Os Eventos da Escatologia Bíblica

Os Sinais do Fim dos Tempos

No passado, houve pessoas e grupos religiosos que tentaram datar o regresso do Senhor Jesus a este mundo. Mas todas as tentativas, obviamente, falharam. À luz da Palavra de Deus não temos qualquer base para fazer tal coisa. Nem o próprio Jesus intentou fazer isso na condição de homem (Mt 24.36). No entanto, o Senhor Jesus, pelos sinais que descreveu, nos permite identificar e reconhecer a proximidade do seu retorno. Ele não nos deixou sem nenhuma evidência de seu regresso. Um “sinal” nada mais é do que um indício, um rastro que nos chama a atenção para algo. Vejamos a seguir alguns dos sinais descritos pelo Senhor Jesus como indicativos de seu iminente regresso.

a) Eu sou o Cristo...

Um dos sinais deixados pelo Senhor Jesus à Sua Igreja concernente ao tempo do fim é o dos falsos Cristos; Ele disse: “... Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos” (Mt 24.4,5). Note que Jesus antecipa algo que estamos constatando em nossos dias: falsos Cristos enganando a muitos, Ele diz, não poucos! De fato, isto se cumpre diante dos nossos olhos. Recentemente, quando passava pelo Rio de Janeiro, pude ver da janela do ônibus em que eu estava um outdoor divulgando uma seita chamada Crescendo em Graça, que já conta com dois milhões de adeptos no mundo todo, sendo 10 mil só no Brasil. Ela é liderada por homem que se auto-intutitula Jesus Cristo homem, que alega ser a reencarnação de Jesus Cristo. Essa seita apoio movimentos homossexuais e diz que o pecado não existe. Agora imagine, amado leitor, dois milhões de pessoas seguindo esta seita em todo o mundo! Muitos podem pensar que isto não é um sinal para a Igreja, mas fica evidente que o que foi mencionado por Jesus em Mateus 24.4 e 5 se cumpre em nosso tempo.

b) Guerras, fomes e terremotos

Outro sinal que indica a proximidade do Arrebatamento é o que está descrito em Mateus 24.7: “Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares”. É espantoso o cumprimento fiel desta profecia em nosso tempo. Talvez o leitor possa perguntar: “Mas guerras, fomes e terremotos sempre existiram. O que faz destes eventos um sinal do Arrebatamento?” Para responder à esta pergunta, voltemos à pergunta feita pelos discípulos no monte das Oliveiras: “... quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século” (Mt 24.3). A palavra “sinal” (que eu negritei no texto bíblico acima) tem um importante significado no grego bíblico. Strong diz que “sinal” é “prodígio, portento, isto é, uma ocorrência incomum, que transcende o curso normal da natureza; sinais que prognosticam eventos notáveis prestes a acontecer” (Strong, James: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, S. H8679). Como podemos ver, ao mencionar eventos como guerras, fomes e terremotos, Jesus está falando de “eventos incomuns”, “que transcendem o curso normal da natureza”. Trata-se de algo que se intensifica assustadoramente. É o que vemos em nossa geração.

As guerras marcaram o século 20. O documentário evangélico chamado Contagem Regressiva para o Armagedom informa que “a Cruz Vermelha estima que mais de 100 milhões de pessoas morreram só no século 20 em conflitos armados. Só em 1993 foram travadas 29 guerras – um recorde! Desde o final da Segunda Grande Guerra Mundial, em 1944, 23 milhões de pessoas já perderam a vida em conflitos menores. É também impressionante o custo de uma guerra. O ex-presidente norte-americano, o General Eisenhover disse: “Toda arma fabricada, todo míssel e foguete lançado é, num certo sentido, um crime contra os que passam fome e não são alimentados, contra os que sentem frio e não são agasalhados”. De fato! Um avião caça, por exemplo, custa 25 mil dólares e um míssel tomahawk, um milhão e 300 mil dólares. Na década de 90, estimou-se que cerca de 100 milhões de crianças africanas morreriam de fome e, que estas mortes poderiam ser evitadas com o que o mundo gasta em seu aparato militar em apenas dois dias!” E o que dizer do receio de um confronto nuclear que ainda páira sobre as nações? Países como Coréia do Norte e Irã (inimigo declarado de Israel) tem sido palco de constantes agitações com relação à este assunto. O próprio Israel, que nunca confirmou ter armas nucleares, é suspeito de ter, segundo especialistas no assunto e autoridades como o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, 150 ogivas nucleares. De fato, o Oriente Médio é hoje um foco de tensão para o mundo todo!

Também a fome tem índices assustadores no mundo. Estima-se que morrem cerca de vinte milhões de pessoas no mundo por ano por causa da fome. No Brasil, as estimativas apontam para o número de dez milhões de famílias que passam fome, sendo as crianças as mais prejudicadas (Pastor Ciro Sanchez em Teologia Sistemática – CPAD, 2008. p. 491). Em Lucas 21.11 Jesus associa a fome com as epidemias, ou seja, doenças que surgem de repente e atingem muitas pessoas, como por exemplo, a influenza A/H1N1, mais conhecida como gripe suína, que assustou o mundo todo e que foi considerada uma pandemia, sendo quase 30 mil contaminados e tendo vitimado, segundo a Organização Mundial da Saúde, 143 pessoas até 12 de junho de 2009. Estimou-se que se a gripe suína continuasse se espalhando no ritmo em que estava na primeira semana do surto, ela poderia se assemelhar à gripe espanhola, em 1918, que matou de 40 a 50 milhões de pessoas em dois anos! O curioso é que nem a própria Primeira Grande Guerra Mundial que acabava naquele ano havia vitimado tantas pessoas (oito milhões) como a gripe espanhola.

Fico impressionado com o aumento no número de terremotos no século 20. Os dados abaixo são do Almanaque Mundial. Veja:

AUMENTO NA FREQUÊNCIA DE TERREMOTOS DE 1000 d.C. à 1990 d.C.

1000 d.C – 1800 d.C Houve 21 grandes terremotos

1800 d.C. – 1900 d.C Houve 18 grandes terremotos

1900 d.C. – 1950 d.C. Houve 33 grandes terremotos

1950 d.C. – 1991 d.C Houve 93 grandes terremotos

É impressionante observar que num espaço de apenas 41 anos aconteceram mais terremotos do que todos os outros juntos nos 950 anos anteriores! Ou seja, de 1000 à 1950 ocorreram 72 grandes terremotos, enquanto que de 1950 à l991 ocorreram 93!

Nossa memória geralmente é muito curta para certos eventos, mas como esquecer a catástrofe que atingiu a costa da Ásia em 2004? Um terremoto de 9,3 graus na escala Richter que ocorreu no fundo do Oceano Índico, provocando uma onda gigantesca (chamada de Tsunami) que varreu a costa da Ásia, atingindo 12 nações e matando mais de 230 mil pessoas! Nas regiões mais afetadas, as ondas gigantescas chegaram a submergir ou deslocar ilhas e também arrasar cidades e vilas em poucos minutos! Milhares de corpos ficaram expostos ao tempo, devido à dificuldade de serem enterrados. Recentemente também, os noticiários informavam os tremores no Chile e no Haiti, que também mataram muitas pessoas. Como nunca antes estamos contemplando o aumento assustador no número de terremotos e consequentemente no número de vítimas.

c) A multiplicação do erro

Paulo, em 1 Timóteo 3 afirma: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (vv. 1,2). Este é também um sinal indicador da vinda de Jesus – o aumento do erro e da apostasia espiritual. Note que este sinal acontece em meio ao povo de Deus. Sim! Pois quem apostata é o crente em Jesus, não o ímpio! Assim, a apostasia espiritual só pode ocorrer em nosso meio. Isso não está acontecendo, hoje, amado leitor? Certamente que sim. Quantos que movidos por torpe ganância estão deturpando os ensinos bíblicos genuínos e estão disseminando heresias no meio do povo de Deus. E o que dizer do crescimento assustador das falsas religiões e de seitas bizarras que levam muitos para longe da verdade bíblica. O islamismo, por exemplo, cresce vertiginosamente no mundo todo, tendo já atingido a cifra de um bilhão de adeptos em todo o globo. É tão forte sua influência na Europa que alguns especialistas já chamam a futura Europa de “Eurábia”.

Adguira Este já Este Material!